terça-feira, 30 de outubro de 2018

1938: pânico após transmissão de "Guerra dos mundos" comemora 80 anos

Fotografia e Matéria da Rádio Deutsche Welle.
Parecia uma noite normal naquele 30 de outubro de 1938, até que a rede de rádio CBS (Columbia Broadcasting System) interrompeu sua programação musical para noticiar uma suposta invasão de marcianos. A "notícia em edição extraordinária", na verdade, era o começo de uma peça de radioteatro, que não só ajudou a CBS a bater a emissora concorrente (NBC), como também desencadeou pânico em várias cidades norte-americanas. "A invasão dos marcianos" durou apenas uma hora, mas marcou definitivamente a história do rádio.
Dramatizando o livro de ficção científica A Guerra dos Mundos, do escritor inglês Herbert George Wells, o programa relatou a chegada de centenas de marcianos a bordo de naves extraterrestres à cidade de Grover's Mill, no estado de Nova Jersey. Os méritos da genial adaptação, produção e direção da peça eram do então jovem e quase desconhecido ator e diretor de cinema norte-americano Orson Welles. O jornal Daily News resumiu na manchete do dia seguinte a reação ao programa: "Guerra falsa no rádio espalha terror pelos Estados Unidos".
Pânico coletivo
A dramatização, transmitida às vésperas do Halloween (dia das bruxas) em forma de programa jornalístico, tinha todas as características do radiojornalismo da época, às quais os ouvintes estavam acostumados. Reportagens externas, entrevistas com testemunhas que estariam vivenciando o acontecimento, opiniões de peritos e autoridades, efeitos sonoros, sons ambientes, gritos, a emoção dos supostos repórteres e comentaristas. Tudo dava impressão de o fato estar sendo transmitido ao vivo. Era o 17º programa da série semanal de adaptações radiofônicas realizadas no Radioteatro Mercury por Orson Welles.
A CBS calculou, na época, que o programa foi ouvido por cerca de seis milhões de pessoas, das quais metade o sintonizou quando já havia começado, perdendo a introdução que informava tratar-se do radioteatro semanal. Pelo menos 1,2 milhão de pessoas acreditou ser um fato real. Dessas, meio milhão teve certeza de que o perigo era iminente, entrando em pânico, sobrecarregando linhas telefônicas, com aglomerações nas ruas e congestionamentos causados por ouvintes apavorados tentando fugir do perigo.
O medo paralisou três cidades e houve pânico principalmente em localidades próximas a Nova Jersey, de onde a CBS emitia e onde Welles ambientou sua história. Houve fuga em massa e reações desesperadas de moradores também em Newark e Nova York. A peça radiofônica, de autoria de Howard Koch, com a colaboração de Paul Stewart e baseada na obra de Wells (1866-1946), ficou conhecida também como "rádio do pânico".
Precursor da ficção científica moderna
O roteiro fora reescrito pelo próprio Welles (1915-1985). Na peça, ele fazia o papel de professor da Universidade de Princeton, que liderava a resistência à invasão marciana. Orson Welles combinou elementos específicos do radioteatro com os dos noticiários da época (a realidade convertida em relato).
Herbert George Wells, por sua vez, foi um dos precursores da literatura de ficção científica. O livro A Guerra dos Mundos, publicado em 1898, era uma de suas obras mais conhecidas, tendo Londres como cenário. Ele escreveu num estilo bastante jornalístico e tecnologicamente atualizado para sua época. A transmissão de A Guerra dos Mundos foi também um alerta para o próprio meio de comunicação "rádio".
Ficou evidente que sua influência era tão forte a ponto de poder causar reações imprevisíveis nos ouvintes. A invasão dos marcianos não só tornou Orson Welles mundialmente famoso como é, segundo cientistas de comunicação, "o programa que mais marcou a história da mídia no século 20".

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Informações sobre encomenda do livro Imagens do Rádio


Reitero os agradecimentos aos amigos, colegas e pesquisadores pelo acolhimento do livro “Imagens do Rádio: elementos para uma análise da sintonia internacional no Brasil”, lançado na última quinta-feira de setembro (20/09), na Reitoria da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

Literatura contemplada num edital público, resultado das pesquisas no Mestrado em Design, Cultura e Interatividade da referida instituição.

A intenção é que o livro tivesse uma circulação nos espaços de pesquisa, entre os radioescutas e as demais pessoas que se interessam pelo tema. Portanto trazendo uma leitura sobre a percepção simbólica do homem, que utiliza do rádio como sua própria extensão. E deu certo. A tiragem inicial esgotou-se no dia do lançamento e as reservas já foram despachadas.

Então não há mais o que fazer para atender os pedidos que chegaram através de vários contatos. No entanto, a UEFS Editora ainda dispõe do último lote de livros para atender às demandas institucionais e também à venda externa.

As pessoas que residem fora da cidade de Feira de Santana/BA, podem solicitar informações ou fazer a encomenda através do e-mail: livraria@uefs.br

Release do livro
Em 316 páginas, o livro aborda a audição radiofônica como um campo privilegiado, que ao saturar apenas um órgão do sentido (o ouvir) potencializa o homem em sua amplitude simbólica. Muito embora essa percepção esteja relacionada à linguagem oral e sonora, é no rádio que os ouvintes completam o significado das mensagens sintonizadas ao exercitar as imagens do inconsciente coletivo.

A necessidade do ouvir aproximou a audiência brasileira ao mundo à custa da “radiodifusão internacional” via Ondas Curtas. Estava no ar a Guerra Fria, transmitindo no rádio – em língua portuguesa e espanhola – as questões políticas, ideológicas e culturais polarizadas nos esforços do conflito. Este é o objeto de análise, que inicia com o fluxo das emissões políticas entre as décadas de 70 e 80. Mais à frente o universo se amplia com o sinal de outras rádios internacionais que não participaram do discurso de combate, e, com isso, permitindo o contraponto das informações.

No Brasil existe uma audiência particularizada nesse tipo de escuta por questões culturais e afetivas. Ao delimitá-la no conjunto de ouvintes do DX Clube do Brasil – DXCB o livro fica mais interessante. Sendo possível identificar as emissoras sintonizadas, as suas pautas, formas de propagandas e construções simbólicas entre emissor/receptor. Esse quadro da propaganda radiofônica da Guerra Fria apresenta percepções resultantes das formas culturais, tão elementares à constituição coletiva do homo symbolicus.

Cerimônia do lançamento coletivo das produções literárias da UEFS Editora

Foto: cortesia do amigo radioescuta Jorge Freitas, presente no evento
Na última quinta-feira de setembro (20/09) a UEFS Editora lançou onze novos títulos, que inclui o meu livro "Imagens do Rádio: elemento para análise da sintonia internacional no Brasil"

A cerimônia coletiva aconteceu no hall da reitoria da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), além dos autores e da comunidade acadêmica, estiveram presentes o Magnífico Reitor, além do Diretor da UEFS Editora e do seu corpo técnico/administrativo. 

Momentos de felicidades que dividir com os amigos, que inclui meu orientador Prof. Dr. Edson Dias Ferreira. Vários professores que prestigiaram o lançamento sobretudo porque o tema do rádio resgatou as lembranças da sintonia internacional ou até mesmo por se lembrarem de outras pessoas que precisam conhecer as Imagens do Rádio...

Feira de Santana tem muitas histórias da radiodifusão e profissionais que enaltecem o trabalho que fazem. De passagem pela tradicional Rádio Povo, no Programa da Tarde... Fábio Silva, Lenilson e Itajai Pedra Branca, comunicadores que marcaram épocas e representam um grande legado à audiência da "família Povo". 

Prazer em conversar com o radioescuta feirense Jorge Freitas, que já o conhecia através do rádio e das discussões temáticas nas redes sociais. Num rápido bate-papo apresentei também meu portfólio com os cartões QSLs da Rádio Nederland, temática "espaço". Relembrando as nostalgia dos bons tempos das transmissões holandesa para o Brasil. Quase todo o domingo saia uma carta minha no Ponto de Encontro... Bastava tocar as músicas do Abba, era só esperar.


Imagens do Rádio... escrevo como quem conta histórias da infância quando meu pai ouvia Zé Bettio e os caipiras de São Paulo... da minha mãe que botava um copo d'água em cima do rádio na hora da prece poderosa, era um santo remédio... dos lugares que ouvi e também percorri na sintonia internacional... 


Paisagens nevadas da Cordilheiras dos Andes aos campos floridos dos Países Baixos, das vozes líricas da Bulgária, ao som das fanfarras da Family Rádio e que ronque os tambores: "This is the Voice of America washington DC sign-on".

 Veja mais fotos do evento clicando no link do álbum.

sábado, 15 de setembro de 2018

Do livro Imagens do Rádio: o “carregamento de verdades”

Fonte: Site "ON THE SHORTWAVES"
Talvez, a maior propaganda da Guerra Fria seja proveniente dos Estados Unidos, através da Rádio Voz da América (VOA). Criada em 1942, a emissora chegou ao fim da II Guerra Mundial destinada a encerrar os serviços internacionais, mas foi convencida a permanecer no campo de batalha para um novo combate.

Conspirações e acusações de espionagens políticas no seu próprio quadro funcional (segundo Brant, 1967), obrigou o governo a incorporá-la à Agência de Informação, passando a funcionar ao lado do Capitólio, em Washington. Dois momentos foram importantes na história da VOA: as transmissões marítimas contra o comunismo e a corrida espacial.

Em 1952 começa nos Estados Unidos a chamada “Operação Vagabundo”. Já em alto mar, a VOA participava dela iniciando uma campanha de propaganda contra o bloqueio Comunista na América e em países localizados na “cortina de ferro”. A bordo do navio flutuante USCGC Courier a Voz da América percorreu o atlântico até a ilha de Rhodes (Grécia) para transmitir discursos políticos bem próximo ao inimigo.


O navio zarpou desde o Panamá, com direito à fanfarra, cerimônia oficial 
e souvenires criados para ocasião (veja QSL), para uma viagem inusitada. Conforme pronunciamento do Presidente Harry Truman: “... Não levará canhões, nem nenhum instrumento de destruição. Valoroso paladino da causa da liberdade, esse navio levará um carregamento muito valioso. Esse carregamento é... a verdade [...] aos que sofrem a opressão da tirania”.

Todavia, a maior audiência da VOA veio do alto céu através das comunicações sobre as viagens espaciais e a chamada "Guerra nas Estrelas". Coberturas exclusivas, inclusive em português produzidas pelo Serviço Brasileiro que funcionou entre 1961/2001. O forte desses programas foram as transmissões em cadeia e direto das plataformas de lançamentos.


Segundo a emissora, quase 800 milhões de ouvintes de todo mundo estavam sintonizados diretamente na VOA ou por meio das emissoras que retransmitiam a sua programação ao vivo durante a chegada do homem ao solo lunar, em 20/06/69. No Brasil, a Revista Fatos e Fotos gravou um disco com trechos dessas transmissões da VOA na voz do saudoso Pedro Kattar, falecido em março de 2016 (vide link).

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Do livro Imagens do Rádio: o significado da “amizade” na propaganda socialista

Devido à natureza unidirecional da sua linguagem, a sintonia internacional precisou ser pensada pela necessidade de preencher os espaços de interatividade com os seus ouvintes. As trocas da recepção pelo cartão QSL, além de souvenires personalizados, têm sido a alegria dos ouvintes que, após a escuta, ansiosamente, aguardam esses materiais pelo correio postal. Lugares exóticos, construções simbólicas, pensamentos proibidos...
Há quem diga que os radioescutas estão tão satisfeitos com a confirmação da sua escuta, que pouco se importam para interpretar a iconografia das mensagens recebidas. Mas será que esses materiais têm alguma coisa pra contar?
Vejamos a propaganda radiofônica da base comunista, pelo viés da palavra “amizade”. Ela aparece nas imagens da Rádio Havana Cuba (Uma voz de amizade que recorre o mundo) e Rádio Central de Moscou (URSS-Brasil pela amizade).
À luz do materialismo histórico, o marxismo apresenta o homem como o centro das suas manifestações psíquicas, intelectual e moral: ele é produto e também determinante do meio social através dos meios de produção. Logo a moral proletária passa a ser protagonista e revolucionária na luta contra a base capitalista, caracteriza pela exploração do homem pelo homem.
Com os embates dos blocos (capitalismo x comunismo) durante a Guerra Fria, o sentimento moral da “amizade” adquire uma universalidade no processo revolucionário para outras partes do mundo. A amizade faz surgir os “camaradas” e a união da luta dos trabalhadores por uma sociedade idealizada, sem competição pelo dinheiro e poder. 
Afinal, para interpretação do comunismo não somos concorrentes ou inimigos, mas “camaradas” e “amigos”, que se unem pela igualdade e contra a dominação do Estado. Daí o significado da palavra “amizade” que circula nos materiais das emissoras ora citadas. Uma propaganda à revolução e em apoio aos países, que inclui o Brasil, em regime da Ditadura Militar durante a fase da Guerra Fria.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Imagens do Rádio: livro que aborda a sintonia internacional no Brasil será lançado na Universidade Estadual de Feira de Santana dia 20/setembro


Convido os amigos e interessados pelo tema para o lançamento coletivo do meu livro “Imagens do Rádio: elementos para análise da sintonia internacional no Brasil”. A solenidade acontecerá na quinta-feira (20/09), às 16 horas, no hall da Reitoria da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

A publicação foi contemplada pelo edital de livros técnicos-científicos da UEFS Editora, com apoio do Mestrado em Design, Cultura e Interatividade onde participo das pesquisas sobre linguagens visuais, memória e cultura.

Em 316 páginas, o livro aborda a audição radiofônica como um campo privilegiado, que ao saturar apenas um órgão do sentido (o ouvir) potencializa o homem em sua amplitude simbólica. Muito embora essa percepção esteja relacionada à linguagem oral e sonora, é no rádio que os ouvintes completam o significado das mensagens sintonizadas ao exercitar as imagens do inconsciente coletivo.

A necessidade do ouvir aproximou a audiência brasileira ao mundo à custa da “radiodifusão internacional” via Ondas Curtas. Estava no ar a Guerra Fria, transmitindo no rádio – em língua portuguesa e espanhola – as questões políticas, ideológicas e culturais polarizadas nos esforços do conflito. Este é o objeto de análise, que inicia com o fluxo das emissões políticas entre as décadas de 70 e 80. Mais à frente o universo se amplia com o sinal de outras rádios internacionais que não participaram do discurso de combate, e, com isso, permitindo o contraponto das informações.

No Brasil existe uma audiência particularizada nesse tipo de escuta por questões culturais e afetivas. Ao delimitá-la no conjunto de ouvintes do DX Clube do Brasil – DXCB o livro fica mais interessante. Sendo possível identificar as emissoras sintonizadas, as suas pautas, formas de propagandas e construções simbólicas entre emissor/receptor. Esse quadro da propaganda radiofônica da Guerra Fria apresenta percepções resultantes das formas culturais, tão elementares à constituição coletiva do homo symbolicus.

Prof. Ms. Antonio Argolo Silva Neto

terça-feira, 28 de agosto de 2018

A voz tradicional do rádio AM silenciou, morreu o radialista Zé Bettio aos 92 anos

Fotografia de Zé Bettio reproduzida na internet
Faleceu ontem (27) aos 92 anos o radialista Zé Bettio, um dos tradicionais comunicadores do AM brasileiro que já conheci. A sua voz retoma as lembranças de infância em Morro Verde, região rural de Jequié/Bahia. Cresci vendo meu pai ligar o rádio durante a noite e na madrugada para ouvir Zé Bettio: "vamos acordar", "acerte o relógio", "joga água nele"...
O cheiro de café coado invadia a casa e logo meu pai saía para tirar o leite. Já pela noite minha avó chegava em casa e comentava trechos do programa, dos remédios para tosse e contra verminose, das músicas esculhambadas que Zé Bettio reclamava e quebravam os discos ao vivo. 
Meu pai gostava muito de tocar cavaquinho e perdia horas de sono ao pé do rádio acompanhando as notas musicais... "Vamos lá pra ver"  (letra e música Jorge de Altinho) era a canção que meu pai mais tocava e fazia até aquela paradinha no final, segue o link.
Saudades das alegrias que vivi ao lado da minha família, quando o rádio AM participava do nosso cotidiano. Agora esses companheiros já não estão mais entre nós, até o AM vai desaparecer... é vida que segue.

sábado, 25 de agosto de 2018

QSL da KBS World Radio retrata as negociações de paz entre os coreanos

Recém-chegado materiais e QSLs confirmando nossa sintonia na emissora sul-coreana KBS World Radio. 

"Paz, um novo começo"... Imagem emblemática da encontro intercoreano que aconteceu em abril 2018, pela primeira vez um presidente da Coreia do Norte pisa em território do país vizinho, dividido desde 1953. Hoje (24/08) começa o segundo encontro no ano corrente das famílias separadas durante décadas... filhos e pais já anciões, ainda que em pequeno grupo, participam desse momento histórico. São apenas 12 horas de duração, mas já um grande começo. 

Guardarei a imagem do QSL com uma atenção especial, sei que algum dia voltarei à ela para relembrar que a separação foi apenas um momento passado. Torcemos para a paz nas Coreias.

A KBS World Radio (antiga Voz da Coreia) já transmitiu em português para o Brasil e chegou a ter um clube de ouvinte e um serviço postal funcionando no país para facilitar o custo de correspondência dos ouvintes brasileiros. O Departamento Brasileiro teve vida curta e foi desativado em menos de uma década de inaugurado (final da década de 80). Atualmente a emissora continua presente nas transmissões em Ondas Curtas, em língua espanhola. O Serviço em Espanhol completou 56 anos em 19 de agosto/2018.

A KBS/Espanhol pode ser ouvida com sintonia oscilando entre moderada e regular (veja horários e frequências no link abaixo). É uma boa opção para conhecer a cultura sul-coreana e ainda acompanhar as negociações de paz na Península Coreana.

KBS World Radio - Espanhol

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Descontinuidade das Ondas Curtas deixa RTM fora da sintonia internacional


O dial das Ondas Curtas perdeu ontem (09/08) mais uma grande emissora internacional... Estamos falando da Rádio Trans Mundial (RTM). A informação circulou em vários perfis dos radioescutas e também nas postagens extraordinárias dos clubes dexistas brasileiros, horas antes do encerramento definitivo das transmissões radiofônicas.
A notícia inesperada pegou os ouvintes de surpresa, isto porque a emissora além de ter conquistado uma boa sintonia em todo o país - nas três frequências de trabalho - ainda possuía uma audiência assídua, participando da sua programação.
O futuro da sintonia RTM
Muito embora a RTM não tenha emitido nota oficial nas suas redes de contatos sobre o fim das Ondas Curtas, o radioescuta José Maranhão “Joe DX” comenta ter acompanhado pela frequência de 11.735 KHz, esse lamentável anúncio:
“Segundo a equipe de apresentadores, a RTM está abandonando as Ondas Curtas por entender que a emissora precisa acompanhar os meios tecnológicos mais atuais, os quais estão em pleno avanço; e que as Ondas Curtas estão longe de render o alcance e o contato com os ouvintes, comparado com o que a Internet oferece. Ainda explicou que seu encerramento resulta também por razões de que as Ondas Curtas além de serem um meio de comunicação já ultrapassado e de alto custo, ainda há uma grande e constante burocracia com o governo, exigida para manter o serviço no ar. A emissora aproveitou o fim da sua outorga para encerrar suas, incentivando seus ouvintes de rádio tradicional a acompanhá-los via internet, por meio de aplicativos e também através de emissoras parceiras. Os apresentadores lamentaram bastante a decisão, inclusive mencionando e agradecendo o grande apoio dado à emissora pelos DXistas, que com certeza ficarão muito tristes e decepcionados com este acontecimento; mas que o mesmo é necessário." 
A RTM, março de 2018, produziu um vídeo demonstrativo anunciando a inauguração de um transmissor de Amplitude Modulada, 440 Kw de potência, em Bonaire (vide link). Considerado o mais potente do hemisfério ocidental, segundo a emissora, sua finalidade é alcançar a população ribeirinha e indígena da Amazônia, ouvintes do Caribe, sobretudo cubanos.
Como ainda não existem relatos de funcionamento do novo transmissor em AM, fica no ar a expectativa de que o sinal alcance o sul do Brasil. Dada à sua capacidade de transmissão, certamente, poderia ser uma alternativa para os brasileiros acostumados a ouvir a RTM nas ondas do rádio.
Um pouco de história
Surgiu nas Ondas Curtas em 1954. Uma década após, foi criada a programação em português para o Brasil, transmitida desde Bonaire. Em 1970 a RTM inaugurou estúdios em São Paulo, produzindo programas em alemão (sobretudo às colonias) e um ano depois em língua portuguesa.
Foto da equipe brasileira da RTM  recebida final da década de 80
A RTM também funciona através de retransmissão de seus programas nas emissoras parceiras em todo o país. A sua expansão em outras mídias iniciou com as transmissões via satélite (1996), e, após o funcionamento do site na internet.
Seu grande legado nas Ondas Curtas foi chegar aos lugares longínquos com uma programação contemplando notícias, estudos bíblicos, espaços musicais e orientações sobre o comportamento humano para crianças, jovens e mulheres.
Ouvindo a RTM pude conhecer nomes importantes da música evangélica contemporânea como “João Alexandre”, “Grupo Logos”, “Milad”, "Vencedores por Cristo", "Comunidade Batista do Morumbi", “Wesley e Marlene”... Estudos como é o exemplo do “Através da Bíblia”, na voz tradicional do Pr. Davi Nunes, e a programação infantil, também entraram para a história das emissões internacionais em português.
Atualmente a RTM mudou seu formato de programação, mas sem perder a qualidade de conteúdo e o nível da audiência. Portanto, continuava a ser uma referência da cultura clássica evangélica nas Ondas Curtas. Muitos dos antigos programas dos Serviços de Transcrição foram suprimidos para dar lugar à criação de conteúdos próprios, apresentação de entrevistas, notícias, entretenimento e até um programa para os Dexistas “Amigos do Rádio”.
Certa vez a emissora publicou no seu boletim "No ar RTM" o relato de um ouvinte da região amazônica que se perdeu na floresta, durante a noite. Mas ele não ficou sozinho, ele estava ouvindo a Rádio Trans Mundial que apresentava palavras de esperança do fiel companheiro, Jesus. Com o fim das transmissões nas Ondas Curtas, o rádio perdeu uma importante emissora e um nome de referência cristã alternativa no dial. Uma companheira nos momentos de solidão, de fé e interação da audiência brasileira.
Links da postagem:

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Billy Graham: maior missionário da Guerra Fria falece aos 99 anos de idade

Cartão QSL especial da Rádio HCJB (2000) em comemoração ás últimas conferências de Billy Graham
O mundo se despede de Billy Graham, falecido ontem (21/02) aos 99 anos nos Estados Unidos.

William Franklin Graham Jr., conhecido como Billy Graham, foi um religioso influente durante a Guerra Fria. Conselheiro espiritual de vários presidentes, Billy também viajou em missão para quase todas as nações do mundo. Pregou para milhares de pessoas, sobretudo nos países do Leste Europeu e que viviam sob regime de ditadura.

Sua participação naquele curso histórico foi um marco importante não apenas para a expansão do cristianismo, mas ainda na construção de um imaginário sobre a paz e a purificação. Isto é, elementos que compõe a arquetipologia para explicar a existência humana na conjuntura político-ideológica.


O projeto na radiodifusão
Missionário Graham no aeroporto de Quito em visita à HCJB
Nos lugares aonde não podia entrar, fisicamente, sua voz chegava a partir da comunicação radiofônica.

As primeiras experiências em mídia radiofônica começaram em 1944, desde os Estados Unidos. Em 1948, o projeto Songs in the Night, liderado pelo missionário, expandiu-se para um alcance internacional através das correspondências dos ouvintes e gravações via Serviço de Transcrição (em discos de vinil) para transmissão em Ondas Curtas internacionais pela Rádio HCJB no Equador.


Billy influenciou os serviços internacionais de várias estações. Seja através do formato de programas ou pela necessidade de investimentos nas transmissões em inúmeros idiomas. A intenção era pregar o evangelho nos quatro cantos do mundo, regiões inacessíveis, lugares onde apenas o rádio poderia chegar falando a própria língua dos povos nativos.


A Rádio HCJB, que também transmitia para o exterior em dezenas de idiomas via Ondas Curtas, inclusive para o Brasil, lembra o trabalho do missionário através de um cartão QSL especial, lançado em 2000. O QSL retrata a participação de Billy Graham numa das últimas conferências organizadas por ele: o evento evangelístico "Amsterdam 2000".


Referências da matéria.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

China comemora Ano do Cachorro, festa é lembrada nos papeis recortados da CRI

Feliz Ano Novo! Acabou o carnaval no Brasil, no mundo ocidental, em vários lugares, hoje é feriado comemora-se a passagem do Ano Novo Chinês, que em 2018 é representado pelo cachorro.
Para celebrar a data a Rádio Internacional da China (CRI) envia "papeis recortados" como lembranças para os seus ouvintes. Os papeis recortados fazem parte da tradição milenar chinesa, eles são comuns na ornamentação e celebração dos festejos, nesse caso o Ano Novo Chinês.

Feliz Ano do Cachorro!



segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

A vida é uma ordem: internet imortaliza transmissões da extinta Rádio Nederland

"Chegou o tempo que não adianta morrer, porque a vida é uma ordem"... Disse Carlos Lagoeiro ao fazer uma releitura de Carlos Drumond para esse momento único na radiodifusão internacional. Mas, essas palavras parecem estar vivas mesmo diante de um mundo tão conturbado onde a desordem parece uma imposição.

Os dois Carlos nesse caminho da vida já parece um trocadilho, de brincar com as palavras dessa vez não nas páginas de um livro, mas nas ondas de um rádio ligado e repleto de signos a serem desvendados. 

Que bom está vivo para relembrar a Radio Nederland uma das minhas emissoras preferidas, que transmitia em português para o Brasil desde a Holanda... Aquelas noites de domingo que eu chegava em casa correndo para acompanhar o programa Ponto de Encontro. Daquele adesivo vermelho e azul estampado na capa do caderno ginasial então recebido através dos Correios. 

Essa turminha de comunicadores da Seção Brasileira e Espanhola nos deixou saudades: Carlos Lagoeiro, Eni Sack, Luiz Henrique Pádua, João Bosco, Sérgio Acosta, Jose Zapeda, Jura Gomes, Julinha (acho que ainda me lembro dela)...


Estava inconformado com o triste final de uma história tão bonita, marcada de signos, dos sons do Abba e pelas cores da tulipa holandesa, pelas canções regadas à poesia e ideias de gente interessante. A emissora internacional holandesa deixou se existir, cada radialista no seu canto, mudanças de hábitos entre os ouvintes. A tecnologia também mudou, logo, ressuscitando as memórias mais subterrâneas da antiga audiência brasileira. Muito bom reviver aqueles momentos agora eternizados nos áudios gravado de Rogério Kruger, 24/09/94.