sexta-feira, 15 de julho de 2011

Radiodifusão Internacional: o Desenho do Mundo na sintonia das Ondas Curtas

Antonio Argolo Silva Neto

Nesta dissertação procuro investigar o imaginário e as visões de mundo concebidas pela audiência brasileira a partir das propostas de comunicação das rádios internacionais, que emitem para o Brasil na faixa das Ondas Curtas.

A pesquisa foi motivada pelos seguintes objetivos: identificar a finalidade das transmissões radiofônicas de outros países para o Brasil; investigar os desenhos e imagens que essas rádios possibilitam através da dimensão sonora e visual; analisar as percepções dos ouvintes acerca da sintonia estrangeira e suas relações de sentido no uso dessas linguagens para conceber o imaginário e as imagens do mundo.

Situando o conceito de desenho e imagem como representações mentais e visuais, delimitei a pesquisa em duas categorias metodológicas: “desenho mental” (radiofonia – as imagens sonoras) e “desenho visual” (radiografia – imagens dos QSLs). Sendo assim, procurei interpretar as imagens sonoras a partir da semiótica e as imagens “radiográficas” dos QSLs pelo método iconográfico, teorizado por Erwin Panofisky.

Então, utilizei com suporte técnico a sintonia, gravação e análise dos programas em língua portuguesa e espanhola nas Ondas Curtas; analisei os cartões QSLs procedentes das rádios estrangeiras a partir da década de 70; e os depoimentos dos ouvintes mediante a aplicação de um questionário semi-estruturado via pelo correio postal e eletrônico entre os associados do DX Clube do Brasil e da Lista Yahoo de Radioescuta.

O universo da pesquisa foi formado por 12 ouvintes, que responderam espontaneamente ao questionário e se constituíram na amostra, por possuírem hábitos de ouvir rádios internacionais e intercambiar mensagens e materiais com elas.

Os dados apurados indicam que a sintonia radiofônica participa de uma comunicação sedimentada em imagens, que contribui para conceber o mundo e o imaginário de sua audiência. Entre os anos 70 a início da década de 90 as imagens do rádio retratam um mundo utópico a partir das motivações da Guerra Fria. Não obstante às pretensões ideológicas, essas imagens retratadas nas pautas da programação e nos QSLs também atenderam uma proposta cultural coletiva, arquetípica, enfatizando as tradições culturais de vários países e o homem imaginário.

Com a nova conjuntura mundial, a proposta cultural radiofônica se amplia na propaganda turística, tradições, atualidades, política, religião e entretenimento. Isso é pontuado pelos ouvintes em suas experiências radiofônicas, como forma de se transpor mentalmente para os países irradiados, resgatar imagens sonoras, apreciar tradições populares e até contrapor informações veiculadas pela mídia convencional.

Na busca das relações de sentido, o ouvinte se encontra com o outro e consigo mesmo, pois o rádio se constitui numa extensão do próprio homem na mediação das suas necessidades e experiências coletivas. Veja o texto original da dissertação acessando o site http://www.sarmento.net.br ou clicando diretamente no link abaixo: http://www.sarmento.net.br/Documentos/DISSERTA%C3%87%C3%83O_ANTONIO_ARGOLO.pdf

Palavras-chave: Comunicação, Cultura, Imagem.