sábado, 31 de janeiro de 2015

Três anos sem as emissões da Rádio Bulgária

31 de janeiro, ano 2012. Nessa data a Rádio Rádio Bulgária Internacional desativou seus serviços internacionais nas Ondas Curtas e emitiu um carimbo especial para a data. Passando assim a manter apenas serviços de podcast na internet, preservando a língua espanhola: http://bnr.bg/en.


A Rádio Bulgária Internacional também já transmitiu em português para o Brasil durante a Guerra Fria. Emissora muito interessante, principalmente para quem gosta de cultura tradicional e exótica. Gostava muito do seu espaço de música folclórica e as histórias mitológicas criadas num país milenar, cosmopolita, formado por várias civilizações orientais e ocidentais...

Emissora muito dedicada aos ouvintes, boa pagadora de QSL. Tal como esse QSL (frente e verso) especialmente carimbado e datado da minha sintonia na última transmissão búlgara nas Ondas Curtas.

Seguem os dados da escuta, realizada há, exatamente, 3 anos desde Jequié...

Relatório de Recepção

Receptor Degen 1103 DE - 12 Bandas, antena telescópica
31/01/12, 21:00~21:28 UTC, 9400 Khz, SINPO: 54434
Boletim informativo: Embaixadora da Bulgária assinala a visita da Secretaria de Estado dos EUA em fevereiro à Sofia como um forte sinal político, Ministro búlgaro da Cultura estabelece acordos de exposições culturais a serem realizadas entre a Bulgária e França... Anuncio do fim das transmissões internacionais da Rádio Bulgária... Reportagens: Bulgária está disposta a firmar pacto econômico europeu... Rádio Bulgária cancela suas transmissões em Ondas Curtas depois de 76 anos de transmissões... Sofia participa de conferência sobre segurança coletiva, desenvolvendo um papel importantíssimo no contexto da OTAN...


Comentário: recepção moderada, apresentando forte intensidade do sinal, porém desvanecimentos.

QSL (frente) da Rádio Bulgária Internacional - arquitetura de Plovdiv

QSL (verso), confirma última transmissão da Rádio Bulgária nas Ondas Curtas

sábado, 17 de janeiro de 2015

O rádio internacional perde um grande personagem: Luiz Amaral (baiano falabá)

Foto divulgação: internet.
Na última quinta-feira (15/01) vários radioescutas informaram o falecimento do jornalista baiano, Luiz Amaral, natural de Ilhéus-BA. Conheci Luiz Amaral falando na programação do Serviço Brasileiro da Voz da América (VOA), final da década de 80.

Gostava muito de ouvi-lo narrando as notícias desde Washington. Lembro que ainda era garoto, a princípio, não conseguia entender porque uma pessoa falava desde Washington e pouco instante já estava falando direto dos Estados Unidos. Foi então que percebi que se tratava do mesmo espaço, visto que as transmissões da VOA acontecia na capital americana.

Naquela época residia no espaço rural e o rádio passou a ser meu canal de amplitude cultural. A VOA foi a primeira emissora internacional que conheci em 1987. Ouvia seus programas todos os dias pela manhã e ainda a reprise da noite. A presença de Luiz Amaral era importante, pois ele também me representava como uma pessoa da minha localidade a trabalhar na VOA.

Depois que a Voz da América encerrou suas transmissões, já no declínio da Guerra Fria, só me restava ouvir Luiz Amaral na Rádio Bandeirantes de São Paulo. Até ganhei uma camiseta da VOA, quando participei de um programa chamado “União, Sucesso e Amizade” (USA).

Ainda me lembro da vinheta destinada a mencionar sua participação desde Washington: “Fá, fala bá fala baiano com seu jeito de falar...”.

Luiz Amaral, que também formou-se em Direito, possui várias publicações entre elas o livro “A objetividade jornalística”, visto que o jornalismo foi seu maior foco. Por isso deixou um grande legado pela sua atuação jornalística em vários países, produzindo literatura, noticiário mundial e esportivo.

Trabalhou durante vários anos no Serviço Brasileiro da Rádio Suíça Internacional. Mas, segundo ele diz, mudou-se para os Estados Unidos porque queria trabalhar num jornalismo de desafio... Então ingressou da Rádio Voz da América. Confira entrevista do baiano Luiz Amaral ao jornalista Lauro Quadro, Estúdio 36.

Matéria de referência: Pantanal News.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A iconografia das festas de Ano Novo nas Ondas Curtas do rádio

Cartão de Ano Novo da Rádio Voz do Vietnã - motivos tradicionais do cotidiano
As fases do tempo sempre nos orientam, desde os antepassados. E demarcam uma estrutura antropológica, que dá origem aos ciclos de vida e as intervenções sociais, inserindo o humano na condição de ser e estar no mundo. O nascimento, a infância, adolescência, a fase adulta... a festa de aniversário, casamento, de ascensão social... o tempo de plantar, colher, comemorar e socializar a alimentação... as datas cívicas, sacras e profanas... Enfim, são exemplos dos ritos cronológicos que alimentam nossa inferência terrestre a partir dessa concepção imaginária do tempo.

A estrutura mais própria que conhecemos é o calendário. Ele surge com o homo cronus e se amplia pela necessidade em medir o tempo e utilizá-lo no cotidiano. Cada cultura tem sua forma específica de conceber o tempo. Para nós ocidentais as celebrações de Ano Novo, originário do calendário cristão, é um marcador importantíssimo dessas inter-relações. Até porque demarca uma transição entre duas etapas cíclicas: o fim e o começo de um novo ano.

Devido ao efeito da globalização, o Ano Novo cristão tem sido tomado como referência na esfera mundial. Durante a virada de ano – noite de 31 de dezembro a primeiro de janeiro – as pessoas do mundo todo se confraternizam e trocam mensagens entre si. O mais comum é o envio de cartões impressos e também virtuais, com os votos de feliz Ano Novo, saúde, paz, felicidades, realizações... Basicamente os elementos que necessitamos para cumprir mais um ciclo de 365 dias!!

Como sou radioescuta desde 1987 e também pratico o Dexismo, tenho me dedicado a escutar emissoras de rádios internacionais, que transmitem em português e espanhol para o Brasil e continente Americano na faixa de Ondas Curtas. Além de ouvir essas emissoras sempre troco mensagens e recebo materiais, QSLs, souvenires e cartões de Ano Novo de rádios de várias partes do mundo através do correio postal.

Gosto de ouvir a radiodifusão mundial para compreender o pensar antropológico de cada povo, suas tradições e ritos de calendário. Também aprecio os cartões de Boas Festas que recebo. Eles retratam como esses festejos são comemorados em vários cantos do mundo. A grande sacada desses cartões é o diálogo que se estabelece entre as mensagens de Boas Festas, vinculadas às imagens típicas e simbólicas de cada país.

Ultimamente tenho realizado pesquisas acadêmicas, visando identificar qual é proposta visual das rádios internacionais no escopo da Guerra Fria. Visto que essas emissoras surgiram a partir desse recorte histórico e envolveram vários países de culturas distintas.
Observo que os países Orientais e de origem socialista fogem das mensagens do Natal idealizadas pelo capitalismo. Eles procuram centrar suas mensagens nas cenas típicas e no imaginário, que é construído pela cultura tradicional. 
Cartão de Ano Novo (2004) da Rádio Internacional da China - Ano do Macaco
Exceto em nações de ascensão econômica - a exemplo da China, Taiwan, que se aproxima dos consumidores ocidentais. Entretanto, prevalece a comemoração do calendário lunar, que se constitui numa tradição milenar do povo chinês. Inclusive acontece em data diferente do calendário cristão. Outro fato curioso é que também é comum associar a data do novo ano, correspondente ao animal do zodíaco chinês (veja imagem acima, cartão de ano novo de 2004, estampado com imagem do macaco - Rádio Internacional da China - CRI).

No Leste Europeu o natal se mistura às festas religiosas e pagãs. De acordo com audição recente, sintonizada na Rádio Eslováquia Internacional, a festividade natalina representa o momento de aproximação da família e das tradições antigas. A Rádio Bulgária Internacional relata que na época natalina o país também comemora uma festividade pagã antiga: o solstício.

Já a Rádio Eslováquia fala sobre os ritos natalinos pagãos de uma festa dedicada às mulheres: Páračky. A tradição acompanha a população mais antiga, é precedida por festejos, pratos típicos e resgate de um imaginário repleto de assombrações. Desde os tempos passados a dona de casa precisava fazer edredons e almofadas de plumas de gansos, destinados aos ritos do Páračky. Quem não concluía as atividades não podia casar suas filhas.

Gostaria de compartilhar algumas imagens desses materiais, que denomino de “radiográficos” pelo fato de serem produzidos e/ou distribuído pelas rádios internacionais. Chamo a atenção para as possíveis leituras e relações que podemos estabelecer através dessa radiografia. Em especial sobre a importância da identidade cultural presente nessas imagens, produzidas em diferentes espaços.

A iconografia das festas de fim de anos mostra que o Brasil não consegue inserir sua identidade cultural nessas comemorações. Chega de “Papai Noel” e suas renas na neve... vivemos num país tropical, não é verdade?! O cenário cultural brasileiro precisa fazer parte da visualidade criada para o calendário das festas natalinas. 

Confira as imagens abaixo e também o álbum completo.álbum completo
Cartão de Boas Festas da Rádio Havana Cuba - paisagens tropicais

Cartão de Natal da Rádio Voz da República Islâmica do Irã - paisagem rural iraniana

Cartão de Ano Novo  da Rádio Taiwan Internacional - culturas ancestrais dos aborígenes chineses

Cartão de Ano Novo da Rádio Voz do Vietnã -  imaginário popular vietnamita